SEMANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS: “O Ensino e a Pesquisa em Ciências Sociais”
Os últimos anos têm se caracterizado por uma significativa expansão do ensino superior no Brasil. Esse processo de ampliação do acesso à formação universitária está, em parte, associado ao crescimento do número de universidades, como também a uma intensa diversificação institucional, por meio de modificações e do surgimento de novos formatos organizacionais. Nesse sentido, merece destaque a criação de novas universidades, de novos cursos de graduação e pós-graduação em diferentes cidades e regiões do país, bem como o investimento em pesquisa nas regiões norte e nordeste, o que tem propiciado certa redução das desigualdades regionais que desde muito tempo têm caracterizado o sistema de ensino superior brasileiro.
No âmbito das ciências sociais tal processo tem sido marcado por algumas modificações institucionais bastante significativas no que diz respeito tanto à formação quanto ao seu exercício profissional, decorrente da criação de novos cursos de graduação, assim como da ampliação do sistema de pós-graduação com o aumento de formação acadêmica ao nível de mestrado e de doutorado. Nesse sentido, cabe destacar que esse processo de expansão do acesso à formação universitária em ciências sociais tem se caracterizado por um forte crescimento dos cursos de pós-graduação, com a consolidação de programas já existentes e a criação de novos cursos de mestrado e doutorado. No tocante à graduação, salienta-se, por um lado, uma forte tendência de diferenciação interna das disciplinas com a criação de cursos de graduação que oferecem habilitação específica em antropologia, ciência política e relações internacionais. E, por outro lado, no que diz respeito à sociologia, destaca-se o crescimento dos cursos de licenciatura decorrente da aprovação da lei que institucionalizou a sociologia no ensino médio.
No que pese a importância do processo de expansão do ensino superior para o acesso à formação universitária e ao investimento profissional nas ciências sociais, ainda são raras as investigações e eventos científicos que se detêm nas feições específicas que tal processo tem assumido nas diversas regiões da sociedade brasileira, bem como no exame dos aspectos vinculados a uma maior heterogeneidade e diversificação do próprio sistema de ensino e pesquisa em ciências sociais. Assim, a realização de um evento que congregue um conjunto de esforços para uma melhor compreensão das feições assumidas pelas ciências sociais no estado de Sergipe e de suas vinculações com transformações ocorridas em âmbito nacional, pode contribuir para uma melhor elucidação tanto das características particulares que tal processo tem adquirido no estado, quanto dos efeitos e impactos de mudanças mais gerais sobre o âmbito regional.
Nesse sentido, um dos principais desafios que nos colocamos na realização de tal evento consiste em apreender tanto os aspectos que nos remetem para a continuidade de um conjunto de concepções e práticas referentes ao papel e utilidade da formação em ciências sociais, quanto àqueles traços decorrentes da diferenciação institucional e da diversificação dos usos sociais atribuídos à formação e ao título de cientista social. Uma reflexão conjunta de como essas transformações tem impactado o funcionamento das instituições e do sistema de ensino e pesquisa em ciências sociais como um todo, pode trazer contribuições significativas para apreender uma série de dificuldades e desafios que perpassam o conjunto das disciplinas.
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